
A Comunicação Não Violenta (CNV) é uma abordagem que ensina qualquer pessoa, inclusive líderes de empresas, a se comunicar com empatia, clareza e respeito, mesmo diante de situações difíceis. Ela, portanto, contribui para relações mais equilibradas e produtivas.
Aliás, você sabia que muitos profissionais deixam seus empregos por conta de má comunicação no ambiente corporativo?
Em países da Europa e dos Estados Unidos, 33% mais especificamente, segundo uma pesquisa da Staffbase, empresa alemã especializada em comunicação interna corporativa (2025).
Fora isso, só nos EUA, em outro relatório de 2025, ficaram registrados quase 10% de pedidos de demissão por falhas de gestão, como falta de escuta e apoio, de acordo com a consultoria Work Institute.
Não saber se comunicar tem um preço alto! Neste artigo, você vai entender, em detalhes, a aplicação cotidiana da CNV especificamente para lideranças.
Continue a leitura.
A proposta da CNV para líderes
Criada pelo psicólogo Marshall Rosenberg, a Comunicação Não Violenta (CNV) é baseada em escuta ativa, autorresponsabilidade e conexão. Ela existe quando líderes ouvem seus liderados sem interrompê-los, evitam reações por impulso e dão feedbacks sem julgamentos, por exemplo.
Na prática, então, em vez de dizer “Você está sempre atrasado”, por exemplo, um líder que adota a CNV pode afirmar: “Notei atrasos nas últimas reuniões e queria entender o que está acontecendo”.
E pequenas mudanças, como essa, vão reduzir conflitos desnecessários e abrir espaço para um diálogo mais honesto, já que, quando liderados se sentem ouvidos, tendem a colaborar com abertura e confiança.
Tudo certo até aqui?
Como aplicar a CNV e o que evitar? Dicas de ouro!
Observação, sentimento, necessidade e pedido são os pilares de aplicação da Comunicação Não Violenta por pessoas em cargos de liderança. A partir desses pilares, um líder vai, aos poucos, ficando cada vez melhor em falar e ouvir com clareza, respeito e sensibilidade.
Assim, fortalece a segurança emocional de seus liberados, promovendo trocas abertas e refletindo os valores da empresa, ao mesmo tempo.
Aqui estão algumas dicas para você colocar em prática agora mesmo:
Troque julgamentos por fatos e dê nome aos sentimentos
Imagine receber um relatório com dois dias de atraso ou notar a ausência de um colaborador num evento importante da empresa. Nesses casos, se você for um líder adepto à CNV, pode fazer as seguintes substituições:
- “Você sempre faz as entregas fora do prazo” → “Notei que o relatório foi entregue após o combinado, podemos conversar sobre o que aconteceu?”
- “Você não tem o menor comprometimento” → “Senti sua falta no evento, e você nem avisou que não viria. Sua presença era importante, o que houve?”
Então, terá adotado uma excelente técnica de comunicação empática!
Percebe como faz diferença falar somente daquilo que você sentiu e notou, evitar generalizações e rótulos e não julgar, mas abrir espaço para o diálogo?
Dá até pra pressentir uma conversa se desenrolando a partir daí, sem acusações, transferências de responsabilidade e interrupções, não dá?
Identifique as necessidades para alinhar expectativas
Os sentimentos e fatos provavelmente vão revelar necessidades que não foram atendidas, e o segredo está em você nunca ignorá-las e em utilizá-las para um bom alinhamento de expectativas com seus liderados.
No exemplo do atraso, sua frustração talvez tenha a ver com uma necessidade de previsibilidade, então, vale dizer: “Preciso contar com os prazos para conseguir planejar melhor as entregas da equipe”.
Isso dará clareza ao colaborador da importância de sua atitude correta, sem parecer estar havendo uma espécie de cobrança velada, como acontece em frases do tipo “eu preciso que você pare de me decepcionar.”
Faça pedidos assertivos
Com as expectativas alinhadas, lideranças conseguem fazer pedidos mais viáveis e diretos aos liderados, a exemplo do clássico “Você pode me avisar com antecedência se perceber que haverá um atraso?”.
Isso serve para:
- Criar acordos reais
- Fugir de imposições ou ameaças
- Eliminar o tom de punição do diálogo
- Preservar a conexão
E pedidos assertivos serão cada vez mais essenciais na sua rotina!
Esteja genuinamente presente nos diálogos
Ainda, será essencial, ao colocar a CNV em prática, ouvir de verdade o que os outros têm a dizer – e não apenas esperar sua vez de falar. Mais dicas:
Faça | Evite |
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Contato visual; perguntas para incentivar o raciocínio; acenos e expressões faciais coerentes com o diálogo | Navegar em outra aba da internet, checar o celular ou os e-mails, cortar ou completar a fala de outro, minimizar sentimentos |
Pense antes de (re)agir
Nada impede que alguém em cargo de liderança tenha sentimentos e emoções, mas a Comunicação Não Violenta também entra em cena na hora de evitar reações impulsivas a situações desconfortáveis.
Respire antes de algumas respostas e, se precisar, peça um tempo para pensar. Nunca responda no calor do momento, eleve o tom de voz para mostrar autoridade ou trate um tema com indiferença.
Atente-se aos momentos complicados
E tenha a CNV como melhor aliada para conversas delicadas, transformando qualquer turbilhão de emoções em excelentes oportunidades de fortalecimento para você e sua equipe!
Faça | Evite |
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Conversas individuais (one-on-one); bate-papos para discutir aprendizados após um erro; feedbacks constantes | Reuniões que só servem para dar bronca; conversas “de cima para baixo”; “bombas” que precisam explodir para serem solucionadas |
Substitua punições por evolução.
Reforce o que é positivo
Por último, mas não menos importante, um “detalhe”: a Comunicação Não Violenta não deve existir só quando algo dá errado!
Cabe a você, líder, manifestar seus conhecimentos sobre CNV nas pequenas interações positivas do cotidiano, nos elogios, em agradecimentos etc.
Que tal…
- Fiquei feliz com o seu envolvimento no projeto. Fez toda a diferença
- Deu pra ver seu entusiasmo com essa tarefa, que legal!
- Obrigada por se envolver, mesmo com tanta coisa em andamento
Nada de esperar o dia do aniversário do colaborador para parabenizá-lo pelo esforço dedicado à empresa.
Surpreenda-se com os benefícios da CNV na liderança
Para um assunto ser tão falado no mundo corporativo, você pode imaginar o tamanho de sua importância, né? As vantagens de um líder adotar a Comunicação Não Violenta são individuais e coletivas, financeiras e para a gestão de pessoas e dignas de uma lista!
- Relações baseadas em respeito e escuta
- Mais autonomia, segurança e colaboração para os times
- Transformação positiva do comportamento organizacional
- Criação de um ambiente de confiança na empresa
- Redução de conflitos e tensões
- Facilidade na resolução de problemas
- Aumento da motivação e do engajamento
- Feedbacks mais frequentes e honestos
- Conversas difíceis sem medo
- Criação de uma cultura de corresponsabilidade
A CNV ainda transforma as tomadas de decisão e ajuda na adequação das empresas às leis e aos cuidados com riscos psicossociais no trabalho.
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