
Promover a saúde mental no ambiente corporativo não é apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade. Empresas com políticas internas e iniciativas voltadas para o bem-estar psicológico dos colaboradores retêm mais talentos, melhoram o clima organizacional e minimizam complicações jurídicas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo – e isso se reflete na vida corporativa ou, em alguns casos, até é reflexo dela.
Não por acaso, RH e gestores têm o desafio diário de traçar estratégias para reduzir impactos, então, das conversas às ações, este artigo traz dicas e detalhes a quem quer entrar em ação.
Vamos falar sobre saúde mental no ambiente corporativo?
Combater doenças ou transtornos psicológicos ou auxiliar colaboradores que enfrentam situações assim é só uma etapa do cuidado com a saúde mental dentro de uma empresa.
Antes de qualquer outra coisa, líderes e gestores precisam, por exemplo, abordar a saúde mental sem que isso seja um tabu, bem como criar um ambiente em que o bem-estar emocional, a capacidade de lidar com desafios e a satisfação profissional caminhem lado a lado com a produtividade.
Ansiedade, desânimo, estresse e sobrecarga estão entre os principais desafios enfrentados por profissionais ao redor do Brasil e do mundo.
E é justamente nos debates e nas ações que mudam a cultura organizacional que entra o suporte das empresas a quem vive essas dificuldades.
Falar sobre saúde mental e agir a favor dela é algo positivo tanto para empresas quanto para colaboradores.
Um lado ganha através da retenção, do aumento da produtividade etc. O outro rende mais, se concentra melhor, faz uma gestão melhor de cenários complexos e trabalha feliz.
Fique sabendo: profissionais com saúde mental equilibrada são, em média, 12% mais produtivos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para uma boa gestão de saúde mental corporativa, conheça as dificuldades
O portal G1 divulgou, com exclusividade em 2024, dados do Ministério da Previdência Social que indicam:
Quase meio milhão de brasileiros solicitaram afastamento do trabalho por motivos relacionados à saúde mental, o maior número em pelo menos 10 anos.
Se chegou a sua hora de agir em prol da saúde emocional no ambiente de trabalho, identifique problemas e sintomas cotidianos. Em seguida, analise impactos e pondere qual será o seu papel no processo.
Ansiedade
Mais do que um simples nervosismo, a ansiedade pode causar tensão muscular, enxaquecas, dores no pescoço e nas costas e problemas gastrointestinais, além de afetar a tomada de decisão e o foco.
Pessoas com ansiedade se sentem constantemente preocupadas e têm dificuldade para se desligar dos problemas, tornando-se menos produtivas e até enfrentando problemas de relacionamentos interpessoais.
Burnout
Desde 2022, reconhecida pela OMS como uma doença ocupacional, a síndrome do esgotamento mental ou síndrome de burnout é resultado de estresse crônico no trabalho.
Seus principais sintomas são cansaço extremo, insônia, irritabilidade e sensação de fracasso constante e, mesmo após períodos de descanso, a exaustão permanece em quem a enfrenta.
A tendência é de afastamento das tarefas e da equipe, com perda total de motivação.
Depressão
A depressão altera o funcionamento cerebral e emocional de quem a enfrenta e, no ambiente de trabalho, pode se manifestar por meio da queda de disposição, da sensação de incapacidade, de episódios de choro frequente e da vontade de se isolar, por exemplo.
Colaboradores com depressão podem apresentar altos níveis de absenteísmo e dificuldade em manter o ritmo de trabalho.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
O TDAH afeta diretamente a organização, o foco e a memória de curto prazo. No ambiente corporativo, pode causar distrações frequentes, esquecimentos e procrastinação, o que compromete o desempenho.
A inquietação ou impulsividade também são mal compreendidas, sendo confundidas com desinteresse ou descuido.
É importante lembrar que o TDAH é diferente de transtornos causados por estresse — e merece atenção e compreensão específicas.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
O TEPT é uma condição que surge após vivências traumáticas, como perdas, assédio moral ou sexual e acidentes. Pode provocar crises de pânico, hipervigilância, insônia e medo intenso de situações que remetam ao trauma.
No trabalho, esses sintomas muitas vezes passam despercebidos, mas têm um peso emocional grande e exigem atenção e suporte adequados.
Insônia
Causada por situações no trabalho ou a causa de outros problemas dentro de uma empresa, bem como na vida pessoal de muita gente, a dificuldade em dormir ou manter o sono verdadeiramente reparador leva à queda de concentração, irritabilidade e lentidão.
Em muitos casos, ela está ligada a outros transtornos emocionais, como ansiedade ou depressão, ou ao que é chamado de “risco psicossocial” nas empresas, funcionando como um alerta importante de mudanças necessárias no comportamento organizacional.
Nenhum diagnóstico deve ser feito por colegas ou gestores. Ao perceber sinais preocupantes, o mais indicado é orientar o colaborador a buscar ajuda profissional, com psicólogos ou psiquiatras.
Qual o papel do RH em cenários como este?
O RH de empresas está em tudo: na prevenção de burnout e crises de ansiedade, no combate à cultura da hiperprodutividade que leva à jornadas extensas, prazos apertados e metas irreais, no incentivo à conversas sobre saúde mental e na promoção de ações preventivas.
Também é responsável, junto com líderes e gestores, pela criação de uma cultura organizacional baseada no cuidado, na escuta e no respeito.
Além de tudo, atualmente, deve prezar pela adequação da empresa às atualizações da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que reforça a importância da identificação, da prevenção e da mitigação dos riscos psicossociais no ambiente de trabalho e exige a implementação de um Programa de Gerenciamento de Riscos condizente.
12 soluções práticas para o RH priorizar a saúde mental
Aqui estão algumas iniciativas sugeridas para o departamento de Recursos Humanos contribuir com o bem-estar psicológico dos colaboradores, criando um ambiente acolhedor:
- Criar políticas internas específicas
- Incentivar o diálogo e a empatia
- Estabelecer canais seguros de troca
- Delimitar a carga de trabalho
- Analisar junto aos líderes se as metas são realistas
- Oferecer benefícios corporativos ligados à saúde mental
- Incorporar ginástica laboral e práticas de mindfulness na empresa
- Criar espaços de descanso e recuperação mental
- Promover palestras, conversas, treinamentos e campanhas sobre o tema
- Capacitar lideranças para reconhecer sintomas e situações
- Manter periodicidade no envio de materiais educativos
- Flexibilizar a jornada de trabalho
Para completar, fazer pesquisas de clima emocional será igualmente importante, principalmente contando com o apoio de plataformas exclusivamente voltadas para avaliação de desempenho para RH, que entregam dados completos e mais assertivos.
Saem os gatilhos, entra o acolhimento e a empatia: isso não é um diferencial, é uma necessidade, e o RH tem papel estratégico nesse movimento.
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